Confesso que quando ouvi pela primeira vez a frase “O amor é uma decisão” fiquei atônito, conturbado e muito pensativo. Mas, depois de muito refletir e “podar” velhos paradigmas que se enraizaram em meu ser, constatei que a simples frase fazia profundo sentido e que muitos de meus relacionamentos não passaram de meras decisões tomadas em cima daquilo que sentia. Isso vale para a vida. Isso vale para os negócios
Por Leonardo Posich,
Editoria de Arte/ Administradores.com
Amor é algo que se constrói com o tempo, é um conjunto de decisões diárias que vão dando forma e firmeza no relacionamento. Assim como um grande contrato empresarial onde os sócios, acionistas e investidores decidem dar forma
O amor é uma decisão, definição simples e de muito efeito. Durante minha vida de colegial, sempre ouvia de pessoas comuns que os relacionamentos começavam com o brilhar dos olhos, flertes que evoluem para diálogos, empatias e laços de afinidade. E que esse conjunto da ópera era para sempre. Até que um belo dia, a luz do sol deu lugar à sombra da noite, e meus pais vieram a romper um casamento (uma decisão) tomada havia anos.
Sem aviso ou consulta prévia a possíveis sócios ou envolvidos no relacionamento – nesse caso, eu – cada um foi para seu lado, os advogados de ambos apuraram os valores financeiros (dividendos), liquidaram os bens que ambos adquiriram durante os anos de casados e lhes desejaram boa sorte na nova empreitada.
Depois de passar por esse conturbado momento, percebi, como diz a letra da música, “que o pra sempre, sempre acaba”. A vida é realmente feita de momentos e escolhas. Boa parte deles, planejados e construídos por nós mesmos. Assim como um contrato ou mesmo um fechamento de um grande negócio, o amor também é uma decisão, onde os envolvidos decidem juntos trilhar e construir um novo caminho. Nesse caso, rumo ao sucesso e à tão sonhada felicidade.
Quando ouvi pela primeira vez essa frase, confesso que fiquei atônito e muito surpreso. Frase simples e de muito efeito. Deixando de lado o sentimento e sendo o mais racional possível, podemos perceber que a frase, além de fazer sentido, é a mais pura verdade.
Você não ama outra pessoa pelo que ela tem, mas pelo que ela realmente é. Pois muito do que ela tem, você também pode ter (basta ir à luta e abraçar as oportunidades). Já o que ela é, ninguém pode ser. Somos únicos no cenário da vida e cada escolha que fazemos implica uma renúncia.
Conheço inúmeras pessoas que viveram de forma intensa inúmeros relacionamentos e todos eles – contrariando o senso comum – deram certo até um dado momento. Quando acaba um relacionamento, as pessoas costumam dizer que não deu certo. Eu, particularmente, afirmo que a tal decisão “deu certo até certo ponto”. Depois daquele ponto e por uma decisão – talvez de ambas as partes – resolveram separar as escovas e trilhar caminhos diferentes.
Quando você decide amar outra pessoa, você esta abrindo mão de certas coisas, escolhas. Se gostava muito de ir para a balada, logo passa a frequentar mais as salas de cinema. Se amava azarar outras pessoas, decide dar prioridade para o mesmo abraço, não olhar para os lados e jamais perder de vista a pessoa amada. Por fim, se adorava passar horas sozinho mergulhado em seus próprios pensamentos, começa a dividir com outro alguém seus próprios sonhos.
Amor é algo que se constrói com o tempo, é um conjunto de decisões diárias que vão dando forma e firmeza no relacionamento. Assim como um grande contrato empresarial onde os sócios, acionistas e investidores decidem dar forma, colocar em prática tudo aquilo que se sonhou algum dia em prol de um objetivo comum (visar lucros). Decidir amar também implica riscos e retornos.
Uma das melhores decisões amorosas no ramo empresarial que já vi foi a fusão entre Itaú e Unibanco. Enquanto um era arrojado, outro era conservador. Juntos, conseguiram agradar públicos bem distintos. Graças a esse bom relacionamento, o caso de amor entre ambos se perpetuou. Quando ambas empresas decidiram ficar juntas, não pensaram que o relacionamento seria apenas um aprendizado, nem somente uma troca de experiências, mas que juntas poderiam ir mais longe.
Para quem decide amar, o amor é bússola. É ter com quem compartilhar momentos ou mesmo se apoiar, pois se um cair o outro ajuda a levantar. É abandonar de vez a jornada solitária de conquistador e dedicar-se a planejar estratégias e decisões para fidelizar eternamente a pessoa amada (conquistá-la todos os dias).
Do ponto de vista capitalista, o amor além de ser uma decisão é também um contrato. A própria sociedade vive a incentivar cada vez mais os casamentos, pois sabe melhor do que ninguém que sozinhos consumimos menos do que casados. Por isso volto a dizer que o amor é sim uma decisão, a qual – se acatada – você deixa muitas vezes de comprar algo para si, para poder contemplar o sorriso do outro.
Logicamente falando, quando estamos solteiros, investimos somente em nós. Quando estamos prestes a nos casar, compramos objetos para ambos. Quando casamos, investimos na casa e, por fim, quando nos tornamos pais, investimos nos filhos. E assim gira a roda da economia de consumo.
Amar, além de ser uma grande decisão, é também um sentimento. Amar é decidir não olhar para trás (e, se olhar, buscar motivos) para andar de mãos dadas e decidir ir adiante. Amar é decidir aprender novas coisas com quem se ama, abandonar alguns velhos hábitos e construir um vida ao lado da pessoa escolhida.
Fácil é conquistar, difícil é manter. Amar é para aqueles que decidem, depois de uma segunda-feira modorrenta, voltar para os mesmos braços e dormir em paz. Abrir mão de novos sorrisos e olhares e decidir sempre, retornar ao aconchego caloroso da outra metade da laranja. Amar é quando não dá mais para disfarçar, é não somente gritar aos quatro ventos que fará o outro feliz, mas dedicar parte do seu tempo para ouvir os anseios alheios.
Decidir amar um novo alguém é espantar de vez os velhos fantasmas dos antigos relacionamentos, entrar de cabeça nessa nova oportunidade da vida (onde a mesma nos permite escrever uma nova história quantas vezes for necessária), colher os bônus e ônus, manter o foco e permitir-se ser e fazer alguém feliz.
Tão difícil quanto fechar um grande negócio, é amar alguém. Ambas decisões são um tanto quanto complexas (onde devemos colocar na balança os prós e contras). Os mais aventureiros (que decidem jogar tudo pro ar) tomarão decisões sem analisar os dados (risco e retorno) dessa empreitada amorosa.
Enquanto nossas decisões forem nos fazendo felizes, seguiremos firmes, fortes em nossas escolhas. Enquanto nossas parcerias de negócios nos satisfizerem, estaremos ainda mais crédulos de que nossas decisões foram as mais certas possíveis e que os resultados alcançados vieram com base em nossas escolhas.
Amar é decidir fazer alguém feliz, sem medo de sofrer. Isso vale para a vida. Isso vale para os negócios.
Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/o-amor-e-uma-grande-decisao/75540/